"ESCRITAS AUTOBIOGRÁFICAS" E O CINEMA DE PEDRO ALMODÓVAR

Autores

  • Ramon Fontes Universidade Federal da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.21665/2318-3888.v4n8p147-184

Resumo

Pensar como os mecanismos de violência e, mais especificamente, o abuso sexual, participam da construção subjetiva das crianças é um dos objetivos deste artigo. Para fazer isso, discuto como a experiência de abuso sexual na infância participou da construção das minhas próprias subjetividades. As reflexões, aqui propostas, não buscam uma história totalizante, nem um tipo de generalização sobre as experiências dos abusos sexuais na infância. Ao invés disso, elas seguem por caminhos pessoais (inseridos, também, em processos sociais) e pretendem apresentar um olhar localizado no tempo e espaço que sirvam para trazer à tona mais fragmentos discursivos e reflexivos a respeito de tal violência. Para isso, será dada ênfase nas minhas narrativas, entendidas aqui como autobiográficas, e nos filmes “Fale com ela” (2002), “Má Educação” (2003) e “Volver” (2005), do cineasta Pedro Almodóvar, como instrumentos que discutem, mobilizam e ressignificam os caminhos subjetivos possibilitados a cada um de nós. A proposta metodológica desta pesquisa segue por caminhos que não coadunam com uma escrita acadêmica clássica. Escrever, no âmbito deste trabalho, significa minar os discursos pré-moldados sobre as experiências memorialísticas, bem como apresentar novos olhares e subjetividades que não reproduzam um entendimento reducionista e inexorável das complexas situações de abuso sexual na infância. Em resumo, é uma escrita de pretensões políticas que coloca em devir a violência experimentada na idade infantil e tem o intuito de não reduzir os indivíduos violentados aos estereótipos de futuro algoz e/ou mártir eterno.

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Publicado

2017-01-23

Edição

Seção

Dossiê: Arte, Gênero e Sexualidade