A LÍNGUA INGLESA NO BRASIL COMO O MERCADO QUER: NECESSÁRIA, MAS INALCANÇÁVEL

Autores

DOI:

https://doi.org/10.51951/ti.v10i22

Resumo

Neste artigo analisamos as causas da propagação e manutenção da dupla percepção que se tem da língua inglesa no Brasil – a de que a língua é útil e precisa ser aprendida, mas é, ao mesmo tempo, inalcançável para a maioria dos brasileiros. Primeiro, examinamos a abrangência e o papel do inglês no mundo atual e os fatores que o tornaram uma língua tão importante. Depois, exploramos o histórico do ensino de inglês no Brasil e as várias ações que contribuíram para consolidar uma política linguística de não formação de bilíngues. Por fim, discutimos o papel do mercado de ensino de idiomas no Brasil, cujo público-alvo e publicidade colabora para a perpetuação de uma velha percepção da língua inglesa como algo a que apenas uma elite tem ou deve ter acesso. Nossa conclusão é a de que a combinação de políticas educacionais ineficientes e a exploração mercadológica inescrupulosa do ensino de línguas estrangeiras acabam por convencer os brasileiros de que eles precisam aprender inglês, ao mesmo tempo em que não criam condições para que isso aconteça para a maioria deles.

Palavras-chave: Ensino de inglês. Brasil. Política educacional. Mercado.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Renan Castro FERREIRA, Universidade Federal de Pelotas - UFPel

Mestre em Letras pela Universidade Federal de Pelotas. Doutorando em Letras na mesma instituição.

Isabella MOZZILLO, Universidade Federal de Pelotas - UFPel

Doutora em Letras pela Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul. Professora Titular do Centro de Letras e Comunicação da Universidade Federal de Pelotas.

Referências

ALBROW, M.; KING, E. (eds.). Globalization, Knowledge and Society. London: Sage, 1990.

ALMEIDA FILHO, J. C. História do Ensino de Línguas no Brasil. HELB - Linha do tempo sobre a história do ensino de línguas no Brasil, 2010. Disponível em: <http://www.helb.org.br>

AMORIN, G.; FINARDI, K. Internacionalização do ensino superior e línguas estrangeiras: evidências de um estudo de caso nos níveis micro, meso e macro. Avaliação, v. 22, n. 3, p. 614-632, 2017.

BARAC, R. BIALYSTOK, E. Bilingual effects on cognitive and linguistic development: Role of language, cultural background, and education. Child development, v. 83, p. 413-422, 2012.

BIALYSTOK, E. Factors in the growth of linguistic awareness. Child development, v. 57, p. 498-510, 1986.

BIALYSTOK, E.; CRAIK, F; FREEDMAN, M. Bilingualism as a protection against the onset of symptoms of dementia. Neuropsychologia, v. 45, p. 459-464, 2007.

BRITISH COUNCIL. Demandas de aprendizagem de inglês no Brasil. Instituto de Pesquisa Data Popular. 1 ed. São Paulo, 2014.

______. O ensino de inglês na educação pública brasileira. Instituto de Pesquisas Plano CDE. 1 ed. São Paulo, 2015.

CALVET, L. J. Towards an Ecology of World Languages. Cambridge: Polity, 2006.

CATHO. Pesquisa Salarial. 59ª ed. 2019. Disponível em: <https://www.catho.com.br/salario/action/site/index.php>

CAVADINI, F. Milano, stop alla linea internazionale del Politecnico. “L’inglese non può mai sostituire l’italiano”. Corriere della Sera (31 Jan. 2018). Disponível em: <https://www.corriere.it>

CIA. The World Factbook 2020. Washington, DC: Central Intelligence Agency, 2020. Disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/resources/the-world-factbook>

CRYSTAL, D. English as a Global Language. (2 ed.). Cambridge University Press, 2003.

______. The Cambridge Encyclopedia of English Language. 3 ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2018.

______. The Cambridge Encyclopedia of Language. 3 ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2010.

EBERHARD, D.; SIMONS, G.; FENNIG, C. (eds.). Ethnologue: Languages of the World. 23 ed. Dallas, Texas: SIL International. Online version: http://www.ethnologue.com, 2020.

EPI EF. English Proficiency Index. 9 ed., 2019. Disponível em: <https://www.ef.com/epi>

EUROPEAN COMMISSION. Eurobarometer: Standard Eurobarometer. Ann Arbor, MI: GESIS, Inter-university Consortium for Political and Social Research, 2012.

FONSECA, L. Inglês: a língua da internacionalização. Interfaces Científicas. Educação. Aracaju. v. 4, n. 2, p. 23-32, 2016.

INEP - INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA. Censo Escolar, 2017. Brasília: MEC, 2018.

JANSON, T. The History of Languages: An Introduction. Oxford: Oxford University Press, 2012.

KACHRU, B. World Englishes: approaches, issues and resources. Language Teaching. v. 25 (1), p 1–14, 1992.

LEFFA, V. J. Língua estrangeira: ensino e aprendizagem. Pelotas: EDUCAT, 2016.

______. O ensino de línguas estrangeiras no contexto nacional. Contexturas, São Paulo, v. 4, n. 4, p. 13-24, 1999.

MACARO, E.; CURLE, S.; PUN, J.; AN, J.; DEARDEN, J. A systematic review of English medium instruction in higher education. Language Teaching. v. 51 (1), p. 36-76, 2018

MARQUES, W. Análise do discurso publicitário de cursos de idiomas: Verdades atinentes a sujeitos aprendizes e aprendizagem de língua inglesa. Tese de Doutorado, Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia-MG, 2014.

McLUHAN, M. The Gutenberg Galaxy “When Change Becomes the Fate of Man”. University of Toronto Press. 1962.

MEC, Ministério da Educação, Brasil. Novo Ensino Médio. Facebook. 16 Fev. 2017. Disponível em: <https://d.facebook.com/ministeriodaeducacao/photos/a.1258296784218133/1258296827551462/?type=3&source=54>

OLIVEIRA, Luiz E.M. A instituição do ensino das línguas vivas no Brasil: o caso da língua inglesa (1809-1890). Tese de Doutorado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo-SP, 2006.

PACKER, A. L. The emergence of journals of Brazil and scenarios for their future. Educ. Pesqui. vol. 40, nº 2, p. 301-323, 2014.

PAVLENKO, A. The bilingual mind: and what it tells us about language and thought. Cambridge; New York: Cambridge University Press, 2014.

PENNYCOOK, A. English and the Discourses of Colonialism. London: Routledge. 1998.

PIMIENTA, D.; PRADO, D.; BLANCO, A. Twelve years of measuring linguistic diversity in the Internet: balance and perspectives. United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization, 2009.

SAIZ, A.; ZOIDO, E. The returns to speaking a second language. Working Papers Research Department. Federal Reserve Bank of Philadelphia. n. 02-16, 2002.

SPICHTINGER, D. The Spread of English and its Appropriation. University of Vienna, Vienna, 2000.

TARDY, C. The role of English in scientific communication: lingua franca or Tyrannosaurus rex?. Journal of English for Academic Purposes, v. 3, n. 3, p. 247-269, 2004.

VIDOTTI, J. A presença britânica e a língua inglesa na corte de D. João. HELB - História do Ensino de Línguas no Brasil. Ano 4. n. 4, 2010. Disponível em: <http://www.helb.org.br>.

VIDOTTI, J.; DORNELAS, R. O ensino de línguas estrangeiras no Brasil - período de 1808 - 1930. HELB - História do Ensino de Línguas no Brasil, Ano 1 n. 1, 2007. Disponível em: <http://www.helb.org.br>.

WARDHAUGH, R. An Introduction to Sociolinguistics. Blackwell textbooks in Linguistics; 4 (6 ed.). Wiley-Blackwell, 2010.

WIDIN, J. Illegitimate Practices, Global English Language Education. Bristol: Multilingual Matters, 2010.

Publicado

2020-12-30

Como Citar

FERREIRA, Renan Castro; MOZZILLO, Isabella. A LÍNGUA INGLESA NO BRASIL COMO O MERCADO QUER: NECESSÁRIA, MAS INALCANÇÁVEL. Travessias Interativas, [S. l.], v. 10, n. 22, p. 138–150, 2020. DOI: 10.51951/ti.v10i22. Disponível em: https://periodicos.ufs.br/Travessias/article/view/15322. Acesso em: 19 maio. 2024.

Edição

Seção

Políticas linguísticas: visão panorâmica