UMA AVENTURA SOLITÁRIA: O LEGADO FILOSÓFICO DO AMOR EM JÚBILO, MEMÓRIA, NOVICIADO DA PAIXÃO DE HILDA HILST

Autores

DOI:

https://doi.org/10.51951/ti.v12i25.p297-313

Resumo

A expressão do amor nos versos de Júbilo, memória, noviciado da paixão (1974) de Hilda Hilst (1930-2004) atua como um aceno reverente à diferentes tradições poéticas, cujos delineamentos e amálgamas compreendem um legado filosófico do sentimento amoroso passível de ser mapeado, conforme propomos, sob três aspectos: a) o desatino do amor, tido por enfermidade cujas tensões e contrassensos reverberam na forma, no metro e nas imagens poéticas; b) a solidão do sujeito lírico amante, herança da jornada platônica rumo ao Amor ideal, e duradoura nas deliberações sobre a condição de existência do ser amado – mediante pesquisas de Giorgio Agamben (2007) e Octavio Paz (1994); e finalmente, c) o esforço de harmonização realizado por Hilst, na última sessão da obra, entre o isolamento lírico e a consciência do “outro”. Nesse espaço derradeiro, desfaz-se o veredito ancestral sobre o desvario da solidão como necessidade do poeta que ama, no qual a devoção ao “amar-em-si” do cantar lírico prescinde o amado como ente, e testemunhamos a aventura solitária da poeta entreabrir-se ao outro e sua historicidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Estâncias: a palavra e o fantasma na cultura ocidental. Trad. Selvino José Assmann. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.

ALIGHIERI, Dante. A divina comédia: paraíso. 1 ed. Trad. Italo Eugenio Mauro. São Paulo: Editora 34, 1998.

AUERBACH, Erich. Dante: poeta do mundo secular. Trad. Raul de Sá Barbosa. Rio de Janeiro: Topbooks, 1997.

___. Mimesis: a representação da realidade na literatura ocidental. Trad. George Bernard Sperber. 6 ed. São Paulo: Perspectiva, 2015.

BACHELARD, Gaston. A água e os sonhos: ensaio sobre a imaginação da matéria. 3 ed. Trad. Antonio de Pádua Danesi. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2018.

BLOOM, Harold. O cânone ocidental: os livros e a escola do tempo. Trad. Marcos Santarrita. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.

CANDIDO, Antonio. O estudo analítico do poema. São Paulo: Editorial Humanitas, 2006.

CARPEAUX, Otto Maria. A cinza do purgatório. Balneário Camboriú, SC: Livraria Danúbio Editora, 2015.

ESPANCA, Florbela. Sonetos. 7 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1994.

HILST, Hilda. Júbilo, memória, noviciado da paixão. In: ___. Da poesia. 1 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2017. p. 227-301.

IBN HAZM, Abu Muhammad Ali. El collar de la paloma. 3 ed. Trad. Emilio García Gómez. Madrid: Alianza Editorial, 2012.

MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa. 37 ed. São Paulo: Cultrix, 2013.

NIETZSCHE, Friedrich. O nascimento da tragédia: ou helenismo e pessimismo. 2 ed. Trad. J. Guinsburg. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

ORTEGA Y GASSET, José. Prólogo. In: IBN HAZM, Abu Muhammad Ali. El collar de la paloma. 3 ed. Trad. Emilio García Gómez. Madrid: Alianza Editorial, 2012. p. 11-33.

PAZ, Octavio. A dupla chama: amor e erotismo. Trad. Waldyr Dupont. São Paulo: Siciliano, 1994.

PÉCORA, Alcir (Org.). Por que ler Hilda Hilst. São Paulo: Globo, 2010.

PLATÃO. O banquete. Trad. J. Cavalcante de Souza. Rio de Janeiro: Difel, 2002.

SAFO. Fragmentos completos. 1 ed. Trad. Guilherme Gontijo Flores. São Paulo: Editora 34, 2017.

STEINER, George. Nenhuma paixão desperdiçada. 2 ed. Trad. Maria Alice Máximo. Rio de Janeiro: Record, 2018.

TEÓCRITO. Bucólicos griegos. Trad. Manuel García Teijeiro e Teresa Molinos Tejada. Madrid: Editorial Gredos, 1986.

Publicado

2022-07-05

Como Citar

MORA, Arthur Katrein. UMA AVENTURA SOLITÁRIA: O LEGADO FILOSÓFICO DO AMOR EM JÚBILO, MEMÓRIA, NOVICIADO DA PAIXÃO DE HILDA HILST. Travessias Interativas, [S. l.], v. 12, n. 25, p. 297–313, 2022. DOI: 10.51951/ti.v12i25.p297-313. Disponível em: https://periodicos.ufs.br/Travessias/article/view/17128. Acesso em: 19 abr. 2024.

Edição

Seção

ESTUDOS LITERÁRIOS