O trágico e o cômico em Dona Flor e seus dois maridos

Autores

  • Alba Valéria Tinoco Alves Silva Instituto de Letras/UFBA

Resumo

Este texto apresenta uma proposta de leitura do romance Dona Flor e seus dois maridos, de Jorge Amado, pautada por alguns dos seus elementos, como o triângulo amoroso, que apontam para o enre- do da tragédia e outros, como a construção da personagem cômica a partir de um traço obsessivo, que são componentes da comédia. A distinção entre esses gêneros costuma ser discutida a partir de alguns critérios dos quais se destacam três: primeiro, a maior ou menor “elevação”, segundo a posição social ou grau de excelência ética, das personagens e de seus objetivos; segundo, o tipo de desenlace (final feliz ou infeliz) da trama; terceiro, a natureza das reações que o autor provoca no seu público (Cf. MENDES, 2008, p. 83-84; ARÊAS, 1999, p. 12-22). Tais critérios serão retomados no decorrer do trabalho não tanto para re/ratificar a oposição entre o que é próprio da tragédia e da comédia, mas principalmente como uma espécie de artifício didático para articular ideias em torno dos aspectos que se quer ressaltar da leitura do romance, sem perder de vista que “trágico e cômico são apenas duas janelas diferentes que dão para a mesma paisagem atormentada” (TCHEKHOV apud MENDES, 2008, p. 207).

Referências

AMADO, Jorge. Dona Flor e seus dois maridos; ilustrações de Floriano Teixeira, 49ª. ed. Rio de Janeiro: Record, 2000a.

AMADO, Jorge. Gabriela, cravo e canela: crônicas de uma cidade do interior; ilustrações de Di Cavalcanti, 83ª. ed. Rio de Janeiro: Record, 2000b.

AMADO, Jorge. Terras do Sem Fim; ilustrações de Di Cavalcanti, 83ª. ed. Rio de Janeiro: Record, 2000c.

ARÊAS, Vilma. Iniciação à comédia. Rio de Janeiro: Zahar, 1999.

ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Aguillar, 1971. v.1, p.807-944.

BERGSON, Henri. O riso. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

ECO, Umberto. O cômico e a regra. In: Viagem na irrealidade cotidiana. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984, p. 343-353.

EURÍPEDES. Medeia. São Paulo: Abril Cultural, 1976.

FRYE, Northrop. Anatomia da crítica. São Paulo: Cultrix, 1973.

JOSÉ RAIMUNDO. Bahia de Jorge Amado conquista o mundo com seus encantos. Disponível em http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2012/06/bahia-de-jorge-amado-conquista-o-mundo-com-seus-encantos.html. Acesso em 28 ago. 2012.

KEHL, Maria Rita. A mínima diferença: masculino e feminino na cultura. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

MAURON, Charles. Psicocrítica del género cómico. Madrid: Ed. Arco/Libros, 1998.

MENDES, Cleise Furtado. A gargalhada de Ulisses: um estudo da catarse na comédia. São Paulo: Perspectiva/Salvador: Fundação Gregório de Mattos, 2008.

MOLIÈRE. Prefácio. In: O Tartufo ou o impostor. São Paulo: Martin Claret, 2003, p. 39-46.

SHAKESPEARE, William. Otelo. Porto Alegre: L&PM, 1999.

Publicado

2013-11-20

Como Citar

SILVA, Alba Valéria Tinoco Alves. O trágico e o cômico em Dona Flor e seus dois maridos. A Palo Seco – Escritos de Filosofia e Literatura, São Cristóvão-SE: GeFeLit, v. 1, n. 5, p. 67–78, 2013. Disponível em: https://periodicos.ufs.br/apaloseco/article/view/n5v1p67. Acesso em: 17 abr. 2024.