Idílio e memória nos escritos kunderianos

Autores

  • Eliana Pires Rocha Pontifícia Universidade Católica de São Paulo/PUC/SP

Palavras-chave:

Kundera, Idílio, Memória

Resumo

Ideologias totalitárias com pretensões à instituição de um credo universal ameaçaram a produção literária romanesca cujo espírito é ligado à relatividade e à ambiguidade humana. Kundera denunciou a crença idílica numa sociedade imemorial que subtraiu o presente em nome de um futuro feliz existencialmente inexitoso. A exploração da temporalidade aponta para uma memória forjada sob a opressão e o exílio experienciados pelo autor, que leva, desde o passado, algo para dentro do presente, a despeito de uma transformação contínua que atua sobre ela. Posicionando-se em torno dos efeitos temporais sobre a memória nas obras A brincadeira e A ignorância, postula o autor que estamos resignados ao concreto do tempo presente. Difusa, em constante evolução e permanente fluxo, toda lembrança evocada se sujeita aos filtros do presente e ao inusitado que essa atualização importa.

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Publicado

2015-11-10

Como Citar

ROCHA, Eliana Pires. Idílio e memória nos escritos kunderianos. A Palo Seco – Escritos de Filosofia e Literatura, São Cristóvão-SE: GeFeLit, n. 7, p. 29–37, 2015. Disponível em: https://periodicos.ufs.br/apaloseco/article/view/n7p29. Acesso em: 18 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos