O trabalho do testemunho: os destinos e impasses do trauma no social.
Resumo
O presente artigo almeja discutir o estatuto epistêmico do testemunho à luz da teoria psicanalítica. À partir de uma releitura de Moises e o Monoteísmo, procura-se pensar como a transmissão operada pela prática testemunhal atualiza o mal-estar intrínseco à disputas por memória, verdade e justiça no laço social. Aborda-se o testemunho como um ato co-fabricado, cujos efeitos de transmissão dependem tanto da posição subjetiva do sujeito frente às cenas em busca de simbolização, quanto das condições de recepção que o campo social lhe outorga. Finalmente, realiza-se uma leitura crítica das obras de Agota Kristof e Binjamin Wilkomirski, discutindo o estatuto do falso-testemunho frente ao imperativo do dever de memória e verdade.
Palavras-Chave: testemunho, trauma, memória, história e literatura.