Do usuário ao iniciado

para uma cultura informacional partillhada

Autores

  • Viviane Couzinet Universidade de Toulouse
  • Icleia Thiesen Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
  • Martha Suzana Cabral Nunes Universidade Federal de Sergipe

DOI:

https://doi.org/10.33467/conci.v5i.18039

Palavras-chave:

Cultura informacional; Viviane Couzinet; Cultura da informação

Resumo

Em 1989, a Associação Americana de Bibliotecas (ALA), no seu relatório final sobre o trabalho do Comitê de Cultura da Informação, declarou que, para ser alfabetizada, uma pessoa deve ser capaz de reconhecer quando a informação é necessária e ter a capacidade de localizar, avaliar e utilizar eficazmente a informação necessária[1]. Na França, os bibliotecários e documentalistas têm sido responsáveis pela formação dos usuários durante os últimos trinta anos. A existência no ensino secundário, no sistema educativo nacional francês e no Ministério da Agricultura, de um corpo de professores documentalistas cuja missão é contribuir para a formação dos estudantes faz parte do desejo de capacitá-los a adquirir domínio suficiente da informação. Trata-se de ajudá-los a assegurar o seu futuro profissional e pessoal. Isto levanta a questão de definir os conteúdos a serem transmitidos. A informação, tal como aqui considerada, é aquela que é especializada e útil para o progresso, e que é referida no singular para expressar a ação, o processo pelo qual um sujeito se informa.

A fim de contribuir para o debate, propomos ressituar essa questão em seu contexto de emergência e evolução, para depois lançar luz sobre ela a partir de trabalhos realizados no âmbito anglófono. Ao fazê-lo, não pretendemos traçar um panorama exaustivo dos trabalhos, mas propor para reflexão alguns estudos que sintetizam pesquisas que nos parecem interessantes para examinar a situação francesa.

Focaremos mais particularmente no artigo de David Bawden (Department of information science, City university, Londres) que revisa os significados atribuídos à expressão "cultura da informação", e expressões afins, a partir da Literatura.  Nos deteremos, também, em um texto de Christine Susan Bruce (Queensland University of Technology, Austrália) preparado para a UNESCO, a Comissão Nacional Americana de Biblioteca e Ciência da Informação e o Fórum Nacional sobre Information literacy, em 2002. Esse texto, que também foi apresentado e publicado nos anais da 3ª Conferência sobre Aprendizagem ao longo da vida (lifelong learning), em 2004, especifica as várias abordagens que fazem referência na área e os elementos a considerar na sua implementação. Esta autora também produziu pesquisas que utilizaremos, com o objetivo de delinear os componentes dessa cultura.

Por fim, para completar esta observação, nos apoiaremos em outros trabalhos realizados na França e em outros países para propor uma distinção entre “cultura da informação” e “cultura informacional” e uma mudança do termo “usuário” para “iniciado”.

Esta reflexão faz parte de um conjunto de trabalhos, ainda em curso, que a equipe Mediações em Informação e Comunicação Especializada (MICS) realiza com colegas da unidade de investigação Educagro e que visa estudar as várias facetas da inclusão de profissionais de informação e documentação nas Ciências da Informação e da Comunicação.

[1] American Library Association, Presidential committee of information literacy, 1989. Final report. Chicago, ALA.

 

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Biografia do Autor

Viviane Couzinet, Universidade de Toulouse

Professora titular de Ciências da informação e da comunicação. Universidade de Toulouse, Laboratório de Estudos e Pesquisa Aplicada em Ciências Sociais, LERASS EA 827; Equipe de pesquisa Mediações em informação- comunicação especializada (MICS) 115 B, route de Narbonne, 31077 Toulouse – França.

Icleia Thiesen, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Professora Titular do Programa de Pós-Graduação em História da Unirio; coordenadora do Laboratório Laboratório de História Oral, Informação e Documentação (LAHODOC); Pesquisadora do CNPq; líder do Grupo de Pesquisa Memória e Espaço (CNPq).

Martha Suzana Cabral Nunes, Universidade Federal de Sergipe

Professora do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Universidade Federal de Sergipe. Pesquisadora CNPq. Membro da Rede MUSSI.

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Publicado

2022-10-11

Como Citar

COUZINET, Viviane; THIESEN, Icleia; CABRAL NUNES, Martha Suzana. Do usuário ao iniciado: para uma cultura informacional partillhada. ConCI: Convergências em Ciência da Informação, Aracaju, v. 5, p. 1–28, 2022. DOI: 10.33467/conci.v5i.18039. Disponível em: https://periodicos.ufs.br/conci/article/view/18039. Acesso em: 19 abr. 2024.