UMA LEITORA DE “DIANA” NO SÉCULO XVI: ENTRE CARTAS, SORTILÉGIOS E SODOMIA

Autores

  • Ana Cecília Rocha Goes

Resumo

Este trabalho visa analisar as condições de vida de uma mulher leitora na sociedade baiana no final do século XVI e o seu contato com o tribunal do Santo Ofício, abordando a temática cultural, na perspectiva da história das mulheres. O processo inquisitorial nº3077, explorado nessa temática, trata do caso de Paula de Siqueira, 38 anos, esposa do contador da fazenda Del Rei na Bahia e moradora da cidade de Salvador. Seu nome entra pela primeira vez nos autos da inquisição em 1591, pela denuncia feita pelo padre Baltazar de Miranda, de que possuía e lia a novela pastoril “Diana”, leitura proibida pelos sensores da inquisição. Dias depois da primeira denúncia, Paula procurou o Santo Ofício e contou do seu envolvimento amoroso com Felipa de Souza, iniciado dois anos antes com trocas de cartas de amor. Através desse documento, juntamente com a leitura crítica de outros autores, procurarei mostrar o aparecimento de sujeitos comuns de carne e osso. Falarei de igual forma, da importância de se perceber o “outro” sem ser somente a “norma”, a “disciplina”, o “castigo”, o “tribunal” e o “inquisidor”. Aparece, assim, não o “anormal”, o “pecador”, “infrator”, mas um ser humano, mulher de carne e osso. O documento ao resgatar um personagem também pode ajudar a entender as mulheres e a sociedade onde estava inserida, procurando buscar sua identidade e o seu mundo, através de suas correspondências, troca de caricias e sexualidade. Para falar das cartas trocadas entre Paula de Siqueira e Felipa de Souza, me apropriarei do termo “escrita de si” de Foucault, mostrando que através das cartas trocadas, o remetente se mostra ao destinatário que é ao mesmo tempo visto pelo remetente, onde mesmo com a distância entre os correspondentes, acabam se encontrando no lugar físico, as cartas. Outro detalhe do documento que deverá ser explorado são os contatos íntimos entre mulheres, Paula e Felipa, a homossexualidade ou sodomia, termo mais apropriado para o final do século XVI. Este trabalho ainda não foi concluído, mais adiante procurarei atentar para a sensualidade no livro Diana, o livro como um prosseguimento das cartas,onde ela se fazia escrevendo, lendo e amando durante dois anos de envolvimento.

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Como Citar

GOES, Ana Cecília Rocha. UMA LEITORA DE “DIANA” NO SÉCULO XVI: ENTRE CARTAS, SORTILÉGIOS E SODOMIA. Revista Fórum Identidades, Itabaiana-SE, 2013. Disponível em: https://periodicos.ufs.br/forumidentidades/article/view/1736. Acesso em: 15 maio. 2024.

Edição

Seção

DOSSIÊ: EDUCAÇÃO E IDENTIDADES