DO CINEMA DE VANGUARDA AO VIDEOCLIPE DOS RACIONAIS MC’S: UMA DISCUSSÃO A PARTIR DE VILÉM FLUSSER, WALTER BENJAMIN E T.W. ADORNO

Autores

  • Mônica Guimarães Teixeira do Amaral Faculdade de Educação da USP
  • Cristiane Correia Dias Faculdade de Educação da USP
  • Daniel Bidia Olmedo Tejera FAPESP

DOI:

https://doi.org/10.20952/revtee.v11i24.7643

Resumo

Vilém Flusser (1985,1987) anuncia a falência do universo da escrita, dado o predomínio da tecnoimagem na era pós-histórica, que pode conduzir a um estado de irreflexão e de desumanização do Homem em contraposição à estética do jogo. Estas contradições e ambiguidades apontadas por Flusser remetem-nos ao debate entre Adorno e Benjamin sobre a função da arte na era da reprodutibilidade técnica nos anos 1930, que é retomado por Adorno nos anos 1960, em que este admite que o filme possa conter algo de liberador. Inspirados nesse debate, analisaremos como o choc póstumo propiciado pela fotografia e pelo cinema de vanguarda (Benjamin, 1936) e hoje, pelos videoclipes, emergem como “reposição objetivadora de uma experiência” (Adorno, 1967). E, ainda, como os cenários de declínio da escrita e de emergência das tecnoimagens, ressaltados por Flusser, apontam para a atualidade da ideia de “reversão dialética” para se pensar a “liberdade de se jogar contra o aparelho”, por meio da estética do hip-hop. 

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Biografia do Autor

Mônica Guimarães Teixeira do Amaral, Faculdade de Educação da USP

Doutora em Psicologia pelo IPUSP, Profa Livre Docente da Faculdade de Educação da USP, Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação da USP-SP. Autora do livro: O que o rap diz e a escola contradiz - um estudo sobre a arte de rua e a formação da juventude na periferia de São Paulo. São Paulo: Ed. Alameda /FAPESP, 2016. Fez estágio pós-doc na New York University (2012), Davis Califórnia University(2014) e foi Visiting Scholar na Berkeley Califórnia University(2017). Coordena o grupo de pesquisa Multiculturalismo e Educação, CNPq e o Projeto de Políticas Públicas: O ancestral e o contemporâneo nas escolas: reconhecimento e afirmação de histórias e culturas afro-brasileiras (FAPESP/2015: 50120-8). 

Cristiane Correia Dias, Faculdade de Educação da USP

Mestranda em Educação junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da USP-SP (FEUSP). Participa do grupo de pesquisa Multiculturalismo e Educação, CNPq, coordenado pela Profa Dra. Mônica do Amaral, desde 2010. Bolsista Capes. É Bgirl (dançarina de Break) e educadora há 15 anos, pesquisadora e ativista da cultura Hip-Hop, atuando em escolas e projetos sociais, defensora da cultura hip-hop no universo escolar.

Daniel Bidia Olmedo Tejera, FAPESP

Mestre em Ciências da Motricidade pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, rapper, pesquisador e bolsista da FAPESP de do Projeto de Políticas Públicas: O ancestral e o contemporâneo nas escolas: reconhecimento e afirmação de histórias e culturas afro-brasileiras (FAPESP/2015: 50120-8). 

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Documentário:

The hip-hop evolution: the South Bronx is burning (2016). Diretores: Darby Wheeler, Sam Dunn (co-diretor).

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Publicado

2018-01-19

Como Citar

Guimarães Teixeira do Amaral, M., Dias, C. C., & Tejera, D. B. O. (2018). DO CINEMA DE VANGUARDA AO VIDEOCLIPE DOS RACIONAIS MC’S: UMA DISCUSSÃO A PARTIR DE VILÉM FLUSSER, WALTER BENJAMIN E T.W. ADORNO. Revista Tempos E Espaços Em Educação, 11(24), 111–126. https://doi.org/10.20952/revtee.v11i24.7643

Edição

Seção

Número Temático: Práticas Artísticas, Culturas Subalternizadas e Educação