Saber tradicional e conhecimento científico: a perspectiva de um pesquisador iniciado

Saber Tradicional e conhecimento científico: a perspectiva de um pesquisador iniciado

Autores

  • Ari Lima Universidade do Estado da Bahia

Palavras-chave:

Candomblé, pesquisador, iniciado

Resumo

Neste trabalho, proponho discutir meu reposicionamento no campo de pesquisa sobre religiões afro-brasileiras. Ao fazer isso, aproximo meu posicionamento transitivo como negro pesquisador e adepto da religião do candomblé à perspectiva do Caboclo quando aponta para o sincretismo como um todo maior que aproxima ao mesmo tempo em que afasta as “águas” ou nações de candomblé, considerando suas supostas teologias puras. Meu interesse pela reflexão acadêmica e escrita sobre o universo das religiões afro-brasileiras é um desdobramento da minha inserção nesse universo não como pesquisador e sim como praticante iniciado. Do ponto de vista etnográfico, mas também de formação e experiência cotidiana, o Nzo kwa Mutá Lombô ye Kaiongo, um candomblé angola, é a referência do debate proposto.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AMIM, Valéria. Águas de angola em Ilhéus: um estudo sobre construções identitárias no candomblé do sul da Bahia. 2009. 303 f. Tese de Doutorado em Cultura e Sociedade. Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade. Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2009.
ARAÚJO, Leandro Alves de. Oralidade e escrita na diáspora religiosa afro-brasileira. Travessias, rupturas e confluências. 2016. 174 f. Dissertação de Mestrado em Crítica Cultural. Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural. Universidade d Estado da Bahia. Alagoinhas, 2016.
ASSUNÇÃO, Luís Carvalho de. A tradição de Acais na Jurema natalense: Memória, identidade, política. Revista da Pós Ciências Sociais, São Luís: PPGSOC/UFMA, v.11, n. 21, p. 143-165, jan/jun. 2014.
BÂ, Amadou Hampaté. A tradição viva. In: KI-ZERBO, J. História Geral da África. I; metodologia e pré-história da África. Tradução UNESCO. 2ª Edição. São Paulo: UNESCO, 2010. p. 167-212.
BHABHA, Homi K. O Local da Cultura. Tradução de Myriam Ávila, Eliana Lourenço de Lima Reis e Gláucia Renate Gonçalves. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998.
BARTH, Fredrik. Grupos étnicos e suas fronteiras. In: POUTIGNAT, Philippe e STREIFF-FENART, Jocelyne. Teorias da Etnicidade. Tradução de Elcio Fernandes. São Paulo: UNESP, 1998. p.185-228.
BASTIDE, Roger. As Religiões Africanas no Brasil. Tradução de Maria Elois Capellato e Olívia Krähenbühl. 2ª Edição. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1985.
BASTIDE, Roger. O candomblé da Bahia: Rito nagô. Tradução de Maria Isaura Pereira de Queiroz. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
CARNEIRO, Edison. Religiões negras: Negros Bantos. 3ª edição. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1991.
CARVALHO, José Jorge de. A força da nostalgia: a concepção de tempo histórico dos cultos afro-brasileiros tradicionais. Série Antropologia, Brasília: Departamento de Antropologia da UnB, n. 59, p. 1-36. 1987.
CARVALHO, José Jorge de. Nietzsche e Xangô: dois mitos do ceticismo e do desmascaramento. Série Antropologia, Brasília: Departamento de Antropologia da UnB, n. 80, p. 1-37. 1989.

CARVALHO, José Jorge de. O olhar etnográfico e a voz subalterna. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre: PPGAS/UFRGS, n. 15, ano 7, p. 107-147, julho. 2001.
CASTILLO, Lisa Earl. Entre a oralidade e a escrita: A etnografia nos candomblés da Bahia. Salvador: EDUFBA, 2010.
CERTEAU, Michel de. Etnografia. A oralidade ou o espaço do outro: Léry. In: CERTEAU, Michel de. A Escrita da História. Tradução de Maria e Lourdes Menezes. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1989. p.188-218.
DANTAS, Beatriz Góis. Vovô nagô e papai branco. Usos e Abusos da África no Brasil. Rio de Janeiro: Graal, 1982.
DREWAL, Margaret Thompson. Yoruba ritual. Performers, play, agency. Bloomington: Indiana University Press, 1992.
FERRETI, Mundicarmo. Tambor de Mina e Umbanda: O culto aos caboclos no Maranhão. 1996, p. 1-9. Disponível em http//:www.geocities.com/Augusta/1531/tambor.htm.p. Acesso em 9/11/2021.
FIGUEIREDO, Janaína de e ARAÚJO, Patrício Carneiro. Nkisi na diáspora. In: FIGUEIREDO, Janaina de (org.). Nkisi na Diaspora: raizes Bantu no Brasil. São Paulo: Associação de cultura Banto do Litoral Norte, 2013. p.30-41.
FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala. 27ª Edição. Rio de Janeiro: Record, 1989.
GOLDMAN, Márcio. Os tambores dos mortos e os tambores dos vivos. Etnografia, antropologia e política em Ilhéus, Bahia. Revista de Antropologia, São Paulo: Editora USP, v. 46, n. 2, p. 445-476. 2003.
LANDES, Ruth. A Cidade das Mulheres. Tradução de Maria Lúcia do Eirado Silva. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967.
LIMA, Vivaldo da Costa. “Nações-de-Candomblé“. Encontro de nações-de-candomblé. Salvador: Ianamá/Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA/Centro Editorial e Didático da UFBA, 1984. p. 10-26.
PIERSON, Donald. Brancos e Prêtos na Bahia. Estudo de contacto racial. 2ª Edição. São Paulo: Ed. Nacional (Col. Brasiliana, n. 241), 1971.
PRANDI, Reginaldo. Os candomblés de São Paulo: a velha magia na metrópole nova. São Paulo, Hucitec, 1991.
PRANDI, Reginaldo. O candomblé e o tempo. Concepções de tempo, saber e autoridade da África para as religiões afro-brasileiras. RBCS, São Paulo: ANPOCS, v. 16 n. 47, 43-58, outubro. 2001.
RABELO, Miram C. M. Enredos, feituras e modos de cuidado: Dimensões da vida e da convivência no candomblé. Salvador: EDUFBA, 2014.
RAMOS, Arthur. O negro brasileiro: Etnografia religiosa e psicanálise. 2ª. ed. Recife: FUNDAJ/ Editora Massangana, 1988.
RODRIGUES, Raimundo Nina. Os africanos no Brasil. 7ª Edição. São Paulo/Brasília: Ed. Nacional/ Ed. Universidade de Brasília, 1988.
SANTOS, Jocélio Teles dos. O dono da terra: o caboclo nos candomblés da Bahia. Salvador: Sarah Letras, 1995.
SANTOS, Juana Elbein dos. Os Nàgô e a morte: Padê, Àsèsè e o culto Égun na Bahia. 5ª Edição. Petrópolis: Vozes, 1986.
SANTOS, Sales Augusto dos. Movimentos negros, educação e ações afirmativas. 2007. 555 f. Tese de Doutorado em Sociologia. Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Universidade de Brasília. Brasília, 2007.
SILVA, Vagner Gonçalves da. Os Orixás da metrópole. Petrópolis: Vozes, 1995.
SILVA, Vagner Gonçalves da. O antropólogo e sua magia: Trabalho de campo e texto etnográfico nas pesquisas antropológicas sobre religiões afro-brasileiras. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2000.
TROMBONI, Marcos. A jurema das ramas até o tronco. Ensaio sobre algumas categorias de classificação religiosa. In: CARVALHO, Maria Rosário de e CARVALHO, Ana Magda (orgs.). Índios e caboclos: A história recontada. Salvador: EDUFBA, 2012. p. 95-125.
ZUMTHOR, Paul. Performance, recepção e leitura. Tradução de Jerusa Pires Ferreira e Suely Fenerich. São Paulo: Educ, 2000.

Downloads

Publicado

2022-06-14

Como Citar

Lima, A. (2022). Saber tradicional e conhecimento científico: a perspectiva de um pesquisador iniciado : Saber Tradicional e conhecimento científico: a perspectiva de um pesquisador iniciado . Revista Do Instituto Histórico E Geográfico De Sergipe, 2(51), 413 a 433. Recuperado de https://periodicos.ufs.br/rihgse/article/view/16575