Abandono, solidão e desistência do amor: o racismo como elemento excludente de mulheres pretas no mercado do afeto

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21669/tomo.vi41.17483

Palavras-chave:

Amor, Afetividade de mulheres pretas, Racismo, Mercado de casamento

Resumo

O artigo trata das desigualdades e hierarquias existentes no mercado do amor a partir do estudo de um público especifico, as mulheres pretas, quando buscamos identificar qual a mágica social (Bourdieu, 2004) que exclui essas mulheres do mercado do afeto. Em termos metodológicos, aplicamos questionários semiestruturados pelo google form e aplicamos presencialmente o mesmo questionário em um bairro popular de uma cidade do interior paulista.  Os dados indicam o racismo como a mágica social que cria barreira no mercado do afeto; indica, também, que as tomadas de posição afetiva dessas mulheres não se encaixam em nenhuma das quatro abordagens catalogadas por nós sobre o amor  (amor liquido, amor romântico, poliamor, amor confluente), chamando a atenção para novas teorias que possam dar conta da vivencia afetiva dessa população.

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Biografia do Autor

Maria Chaves Jardim, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP)

É professora do Departamento de Sociologia – Faculdade de Ciências e Letras – Universidade Estadual Paulista/câmpus Araraquara. É líder do Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre Sociedade, Poder Organização, e Mercado (Nespom), e pesquisadora Fapesp e CNPq.

Renata Medeiros Paoliello, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP)

Professora do Departamento de Ciências Sociais da Faculdade de Ciências e Letras/UNESP-Campus de Araraquara, e colaboradora do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da mesma instituição. Doutora em Ciências Sociais (Antropologia Social) pela Universidade de São Paulo.

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Publicado

2022-07-12

Como Citar

Jardim, M. C., & Paoliello, R. M. (2022). Abandono, solidão e desistência do amor: o racismo como elemento excludente de mulheres pretas no mercado do afeto . Revista TOMO, (41), 87–126. https://doi.org/10.21669/tomo.vi41.17483

Edição

Seção

DOSSIÊ

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