A FORMAÇÃO DO ESPÍRITO MANDARIM: AS IMPLICAÇÕES SOCIOPOLÍTICAS DO BACHARELISMO NA INSTITUCIONALIZAÇÃO DO JUDICIÁRIO BRASILEIRO

Autores

  • Anabelle Santos Lages Universidade Federal de Alagoas
  • Wendell Ficher Teixeira Assis Universidade Federal de Alagoas

DOI:

https://doi.org/10.21669/tomo.v0i33.8194

Resumo

Revisitar a institucionalização do Poder Judiciário brasileiro implica reconhecer que categorias atualmente consideradas como indiscutíveis fazem parte de um desenrolar histórico. Não se trata de recontar a história, mas de demonstrar que a criação das faculdades de Direito consolida a predominância de determinados argumentos que culminaram por conferir uma legitimidade sociopolítica especial ao Poder Judiciário. Assim, com base na análise de jornais jurídico-políticos publicados entre 1840 e 1889, buscamos mapear os sentidos que caracterizam a constituição do campo jurídico, marcado pelos discursos da ciência, sacralidade e neutralidade, bem como identificar similaridades que ainda hoje orientam as decisões e posicionamentos do STF – Supremo Tribunal Federal. A noção de habitus acionada por Bourdieu (1989), que objetiva romper com a falsa dualidade que insiste em colocar em posições opostas indivíduo e sociedade (Wacquant, 2007), ajuda-nos a melhor compreender a posição ocupada pelos sujeitos jurídicos no cenário brasileiro. 

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Biografia do Autor

Anabelle Santos Lages, Universidade Federal de Alagoas

Doutora em Sociologia. Bolsista PNPD do Programa de Pós-graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas.

Wendell Ficher Teixeira Assis, Universidade Federal de Alagoas

Doutor em Planejamento Urbano e Regional. Professor adjunto do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Alagoas. Pesquisador associado do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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Publicado

2018-07-31

Como Citar

Lages, A. S., & Teixeira Assis, W. F. (2018). A FORMAÇÃO DO ESPÍRITO MANDARIM: AS IMPLICAÇÕES SOCIOPOLÍTICAS DO BACHARELISMO NA INSTITUCIONALIZAÇÃO DO JUDICIÁRIO BRASILEIRO. Revista TOMO, (33), 47–75. https://doi.org/10.21669/tomo.v0i33.8194

Edição

Seção

Artigos Livres